Menires da Herdade dos Perdigões

Cromeleque - Neo-Calcolítico (14573)
O conjunto de menires da Herdade dos Perdigões localiza-se a cerca de 2 km a nordeste de Reguengos de Monsaraz, situando-se a Este do sítio dos perdigões (CNS 597), na transição do anfiteatro natural para a planura do Vale do Álamo, numa paisagem com uma expressiva presença de monumentos megalíticos. Foram contabilizados oito menires dispersos, sete deles identificados em 1970 por J. Pires Gonçalves e H. Leonor Pina, tendo sido escavados em 1986 e 1987, momento em que se detetou um oitavo menir. Na encosta, do lado nascente do Monte dos Perdigões, foi reconhecido um outro menir, em 1991, por Francisco Serpa. Todos os monólitos, mostrando polimorfismo, desde as formas ovóides, às cilíndricas e às estelares, foram produzidos em granitos, de grão médio ou grosseiro. As suas alturas são variáveis, tal como o seu estado de conservação. O menir 1, situado mais a poente, encontra-se fraturado em dois blocos que totalizariam mais de 5 m de altura. Apresenta 150 covinhas de diversas dimensões e, na superfície do topo distal, restos de representação gravada de báculo. A cerca de 40 m para noroeste, encontra-se o menir 2. Para poente, a cerca de 60 m, registou-se o menir 3, que, embora amputado no volume distal, subsistia 1,50 m acima do nível do solo. A sua estrutura de implantação era constituída por fossa aberta no substrato, com degrau e coroa de blocos imbricados. Neste menir, e em outros, verificou-se que o solo primitivo e encontrava a cerca de 0,75 m abaixo do nível do atual. A 12,50 m para nascente do menir 3 encontrava-se o menir 4, um grande monólito, derrubado e fraturado em dois pedaços. A sua escavação detetou fossa e conjunto de blocos da coroa de sustentação. O menir 5, semi-derrubado, localiza-se a 15 m para sudeste do menir 4. A escavação mostrou a estrutura de sustentação, constituída por fossa e coroa de blocos. Todavia, ainda quando o menir se encontrava ereto, mas muitas centenas de anos depois da sua implantação, foi integrado em recinto, formado por muro baixo, erguido com blocos de xisto argamassados com barro, com planta em forma de pórtico. As faces interiores daquela construção eram revestidas com lajetas de xisto, assim como o solo. Ao centro da zona aberta, dirigida para sudeste e frente ao menir, detetou-se estrutura de combustão, situando-se outra, de menores dimensões, a cerca de 2 m para sul, já fora do recinto. No interior daquele espaço exumou-se fragmentos de grandes recipientes de cerâmica, de taças e de pratos, um com bordo espessado, assim como fragmento de placa de xisto anicónica, materiais atribuíveis ao Calcolítico. O menir 6 jaz tombado 30 m para nordeste do menir 5 e o menir 7 situa-se a 50 m para nascente do menir 1. Foram identificados restos da sua coroa de sustentação e duas covinhas no volume distal. O menir 8, o último a ser identificado, encontra-se a 25 m para norte do menir 3, não longe do caminho que da Horta do Pomar conduz ao Monte dos Perdigões. Os menires 3, 4 e 5 sugerem ter integrado arco de grande círculo ou cromeleque. O arranque de diversas oliveiras na zona pode ter levado à desaparição de monólitos, dado que em visita recente apenas foram identificados quatro. Em visita recente apenas nos foi possível confirmar a presença dos 4 primeiros monólitos, tal como tinha acontecido à equipa de A. Canha. O arranque de diversas oliveiras na zona pode ter levado à desaparição dos monólitos. As características arquitetónicas destes menires, as decorações e a sua implantação, colocam a hipótese da sua construção e utilização se enquadrar no Neolítico médio (5º milénio a. C.), numa fase anterior à construção das primeiras estruturas de fossos dos Perdigões. Estes elementos megalíticos terão sofrido várias perturbações e reformulações durante o Calcolítico (3º milénio a. C.).

Informação

O sítio pode ser visitado de forma programada. A equipa de investigação (NIA, Era-Arqueologia) organiza várias atividades de divulgação ao longo do ano. No piso térreo da Torre Medieval da Herdade do Esporão existe um pequeno centro interpretativo sobre os Perdigões, com painéis informativos e materiais arqueológicos em exposição.

Condições da visita

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    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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