Santa Marinha

Sítio (5652)
  • Tipo

    Necrópole

  • Distrito/Concelho/Freguesia

    Bragança/Mogadouro/Saldanha

  • Período

    Romano

  • Descrição

    A capela de Santa Marinha é de traça moderna, sem elementos arquitectónicos visíveis que mostrem uma origem antiga, ainda que esta seja provável. Sendo o culto de Santa Marinha de origem medieval, é possível que a capela possa remontar a essa época, mas é de salientar que algumas referências antigas às inscrições romanas desta capela, nomeadamente as feitas pelo abade de Baçal, a designam de capela de Santa Bárbara, não se sabendo se por erro ou não. Por outro lado, é notório que a capela foi erguida nos terrenos de uma importante necrópole romana, que forneceu grande número de inscrições funerárias, todas de mármore ou calcário. Algumas estavam reaproveitadas na capela, e outras apareceram em obras no adro em 1987, onde surgiu o que é referido como "inúmeras estelas funerárias", muitas delas fragmentadas, tendo algumas dado entrada na Sala Museu de Mogadouro. Há alguma incerteza quanto ao número total de inscrições daqui provenientes. A capela situa-se no alto de uma pequeno e suave cabeço à entrada da aldeia de Saldanha, numa posição algo destacada e com vista directa para os dois habitats romanos vizinho, a Torre de Saldanha, que está logo ao lado, e o habitat do Lombo do Ouro, um pouco mais distante, e é possível que a necrópole tenha servido ambos os povoados. A primeira referência a este sítio é feita pelo abade de Baçal, referindo duas inscrições, uma possível estela funerária com uma inscrição: CAPITO / MARITVS / P, que se encontra actualmente no interior da capelana base do arco triunfal, e outra que se encontra ainda no cunhal do lado direito da porta de entrada da capela, com a inscrição: ...AM... / NILLAE / ANNO L / M SVLP / FLAVO / UXORI SAN / TISSIMAE. No outro cunhal do lado esquerdo da porta de entrada encontra-se outra inscrição: D M S / CORNELIAE / FLAVINAE / UXORI / ANNORVM XXXV / M. Por debaixo desta inscrição, também aproveitadas no cunhal, encontram-se outras duas pedras de mármore, que seguramente serão também estelas funerárias, mas cuja inscrição não está visível. No pavimento da capela encontrava-se uma outra estela, entretanto levantada e guardada na sacristia. Está fragmentada em cima e em baixo. Em cima tem restos de uma roda de seis raios curvos. Por baixo do campo epigráfico aparece uma figura de cervídeo fêmea, voltada à direita. Tem inscrição incompleta: ... / ...[P]LACIDINAE / AN XXXV. Ainda na sacristia está uma outra estela, aparecida nas obras do adro. Tem cabeceira semicircular, decorada com roda de seis raios curvos. Está fracturada lateralmente a todo o comprimento, e a cabeceira foi recentemente partida, conservando-se juntamente com o resto do corpo. Por baixo do campo epigráfico aparece uma figura de cervídeo fêmea, voltada à direita, muito semelhante à que aparece na inscrição anterior, e provavelmente obra do mesmo lapicida. A inscrição diz: TVRACA[E] / FLACCINAE / AN XXV. Outras 3 estelas aparecidas no adro são referidas por Sande Lemos, estando guardadas no museu de Mogadouro. Uma está fragmentada e já sem inscrição, outra é anepígrafa, e outra só tem um resto de inscrição, interpretada da seguinte maneira: D M / LAVS... Em relação a esta última, é de realçar a semelhança da inscrição com a que está referida como tendo aparecido algures a poente da aldeia de Saldanha (CNS 19595), e que estava desaparecida, sendo possível que seja a mesma.

  • Meio

    Terrestre

  • Acesso

    Na entrada da aldeia de Saldanha

  • Espólio

    -

  • Depositários

    Comissão Fabriqueira da capela de Santa Marinha de Saldanha e Sala Museu de Arqueologia de Mogadouro

  • Classificação

    -

  • Conservação

    Mau

  • Processos

    2006/1(238) e 82/1(034)

Bibliografia (7)

Epigrafia latina de entre Sabor e Douro desde o falecimento do Abade de Baçal - 1947 (continuação). Brigantia (1987)
Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança (1909)
Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança: arqueologia, etnografia e arte (1938)
O Leste do Território Bracarense (1975)
Povoamento Romano de Trás-os-Montes Oriental (1993)
Representações zoomórficas na epigrafia funerária Transmontano-Zamorana Ocidental da época romana. Actas do Congresso Internacional de Arqueologia Iconográfica e Simbólica (2002)
Roman Portugal (1988)

Fotografias (0)

Localização