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DIAS, Ana Carvalho (2010) - Trabalhos Arqueológicos prévios ao projecto de reabilitação de edifício a restaurante no Pátio dos Carrascos do Convento de Cristo. Acedido em: 27 de setembro, 2015 em:http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/
Escavação
2019
PIPA/ 2018 - Santa Vitória. Temporalidades, Arquiteturas e Práticas Sociais num recinto de fossos
Relatório Aprovado
26/08/2019
13/09/2019
Para esta campanha encontravam-se definidos três objectivos principais, correspondendo o primeiro à conclusão das sondagens iniciadas em 2018 nos Fossos 1 e 2, o segundo à abertura de novas áreas em ambos os fossos, e o terceiro à realização de trabalhos de manutenção da limpeza do sítio arqueológico. Estes objectivos foram integralmente cumpridos durante a campanha de escavação.
Os trabalhos de 2019 permitiram avançar no conhecimento dos processos de enchimento dos dois fossos que definem os recintos de Santa Vitória. Relativamente ao Fosso 1, os resultados mais significativos provêm da Sondagem 2. Aí foi possí-vel perceber que o preenchimento do fosso não apresenta um processo homogéneo ao longo do seu traçado, mas que processos deposicionais de origem antrópica foram efectuados de forma segmentária. No caso do troço escavado, em sete metros de extensão registaram-se três secções distintas, com duas área com deposições de pedras, cerâmica e fauna separadas por uma área praticamente sem materiais nem pedras, na qual apenas se destaca a deposição de um ído-lo de cornos inteiro. Sublinhe-se ainda o carácter diferenciado das deposições realizadas na secção final do fosso que termina na interrupção da entrada. Aí vários fragmentos de um mesmo ídolo de cornos fo-ram depositados em dois momentos distintos, ambos englobando a deposição de blocos pé-treos assim como 4 falanges de cavalo, uma presa de javali e e um seixo em forma de bucrânio. Já no Fosso 2 foi possível identificar, em ambas as sondagens realizadas em cada um dos lados da entrada norte, a presença de recuttings (2 do lado Oeste e 1 do lado Este), ambos preenchi-dos por pedras e com um conjunto muito residual de materiais arqueológicos. Do lado Este, a base do fosso apresenta-se seccionada com profundidades distintas e coberta por um extenso aglomerado pétreo, igualmente quase sem materiais arqueológicos. Os processos de enchimento são, assim, essencialmente de origem antrópica, revelando mo-mentos de enchimento, reabertura parcial e reenchimento com pedras, numa prática que se vai registando cada vez mais neste tipo de contextos de fossos, e que demonstram a intencionali-dade e selectividade dos processos. Por outro lado, os conjuntos artefactuais registados caracterizam-se pela ausência ou extrema raridade de determinadas categorias artefactuais. Não foram registadas mós, utensílios de pedra polida, pontas de seta, lâminas ou elementos líticos sobre lâmina, utensílios em osso, metais ou evidências de metalurgia, a cerâmica é exclusivamente lisa (embora se saiba da existência de alguma decorada recolhida nas campanhas do século passado), os pesos de tear e os elementos de adorno estão representados por apenas 1 elemento cada, e, para além da cerâmica lisa, ape-nas os elementos ideotécnicos foram registados (ídolos de cornos, falanges de cavalo, seixo bu-crânio). Esta circunstância caracteriza uma ocupação do recinto de Santa Vitória que progressi-vamente se vai afastando a ideia de um contexto residencial e o aproxima, junta mente com os processos antrópicos de enchimento de fossos registados, de um contexto essencialmente ce-rimonial, à imagem do que tem vindo a ser proposto para outros recintos de fossos do Sudoeste Peninsular.
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Ana Catarina Salgado Basílio e António Carlos Neves de Valera
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